sábado, 7 de dezembro de 2013

Polo: Picada  Café
Curso: Licenciatura em Matemática
Atividade: Blog 3
Componentes do grupo:
Adilo Belmiro Metz
Aline Barbiere
Clair Bieger
Milton Külzer
Valtair Somavila Gretschmann

A GEOMETRIA PRESENTE NA RODA DA CARROÇA




Em uma matéria publicada no Jornal do Médio Vale, no dia 13 de agosto de 2013, a jornalista Clarice Graupe Daronco, após entrevistar o Sr. Harold Schneider, publicou o seguinte:


TIMBÓ – Harold Schneider, 78 anos, morador da Mulde desde quando nasceu, ele fazia e ainda faz rodas para carroças. Essa profissão é muito conhecida pelos nossos pais e avôs, pois com certeza muitos andaram ou viram pessoas andando nas carroças de boi e de cavalo.
O morador da Mulde conta que aprendeu a fazer as rodas de carroça vendo apenas o seu avô, August Schneider fazer. “O meu avô fazia muitas rodas de carroça na época que eu era pequeno e meu pai não tinha interesse em aprender mas eu gostava de ver ele cortando a madeira, desenhando o formato e montado as peças todas, sem usar nenhum prego, apenas a madeira forjada e cortada com os devidos encaixes”, relata Schneider ao lembrar que quando tinha 20 anos assumiu os serviços antes feitos pelo seu avô, que  dedicava-se a profissão de marceneiro desde quando chegou na localidade da Mulde.
 Schneider conta que seu avô ficou doente e não podia mais trabalhar com a madeira, então ele resolveu ajudar. “Eu tinha a lenha e o valor cobrado pelas rodas prontas ajudava na manutenção da propriedade”, observa ele.
 Questionado sobre o número de rodas de carroça que produziu, Schneider olha para o horizonte e diz com altivez: “Não me lembro quantas construí, mas lembro que foram muitas pois tive que investir na aquisição de ferramentas especiais para agilizar o trabalho”, relata ele mostrando em seu galpão peças como a fita serra, as facas especiais, as lixas, moldes de peças, entre outros. Ela afirma que somente fazia a parte de madeira da roda de carroça, o ferro que é encaixado era feito em uma ferraria.
 Além do “dom” que recebeu para trabalhar com madeira, Schneider também foi aprimorando suas técnicas de trabalho. “Para fazer a roda da carroça não usamos nenhum tipo de prego ou parafuso. Trabalho com a técnica do malhete, onde a madeira é encaixada ao invés de pregada ou colado, o que dá uma garantia de durabilidade bem maior a roda”, observa ele. Schneider também conta que a madeira usada para fazer as peças são as mais duras, como de canela e aripa.

 Hoje, o morador com 78 anos afirma que não faz mais rodas de carroça como antigamente, apenas realiza consertos e constrói rodas para enfeite, onde são colocados bicos de luz e arrumados em áreas de festas ou em ambientes mais rústicos. “Atualmente não se tem muito o que fazer, pois os agricultores, que também diminuíram na região, na sua maioria não utilizam-se mais de carroças, pois adquiriram as tobatas”, comenta ele ao afirmar que a profissão vai morrer com ele, pois como não teve filhos não propagou a tarefa de fazer rodas de carroça para outras gerações, até porque as máquinas com seus motores chegaram e tomaram o lugar dos equipamentos mais braçais(DARONCO, 2013).



            O comentário que queremos fazer a partir desta reportagem do Jornal do Médio Vale que vem de Santa Catarina, interior do município de Timbó, localidade chamada de Mulde. Colonizada por imigrantes alemães, podemos constatar isso do próprio sobre nome da família SCHNEIDER que é comum nessa região,  tal como a nossa cidade de Picada Café e arredores:
            Destacamos a importância que teve a carroça de madeira para o progresso das colônias. Depois da descida das águas, que foram as vias pelas quais chegaram a esta terra, foi á carroça (movida por tração animal) o primeiro e único meio de transporte usado pelos imigrantes para transportar as mudanças, materiais de construção, mercadorias produzidas, enfim tudo, de um lugar para outro.
            E dentro deste contexto queremos abrir um espaço para fazer uma reflexão sobre cálculos e conhecimentos matemáticos que as pessoas deviam ter para produzir rodas tão perfeitas com o uso de tão pouco equipamento e sem muito estudo e conhecimento na área da geometria.
            Observemos em primeiro lugar a disposição dos raios, tudo combinando dois a dois ao redor de um cilindro com perfeição nos encaixes sem uso de qualquer prego ou parafuso como relata o seu Harold.
            Além dos raios podemos destacar outros conhecimentos matemáticos importantes considerando que a pessoa não teve uma formação específica para a profissão, mas foi um conhecimento que adquiriu do seu avô. É uma arte que passou de geração em geração, como era comum acontecer entre os mais antigos.
            Aspectos geométricos a considerar:
A geometria espacial;
O cilindro onde estão encaixados os raios;
Os encaixes, os furos e o espaçamento entre eles;
Dentro do cilindro de madeira, um cone de ferro onde se encaixa a ponta de eixo;
O arco, a roda com uma leve inclinação para fora;
Os ângulos entre os raios, os quais são todos aproximadamente iguais;
            Podemos também observar o arco da roda se compõe em partes que encaixadas sobre os raios formam o arco da roda certinho, sendo cada parte destas, uma parábola, formando então uma circunferência.



Referências:

  DARONCO, Clarice Graupe; Jornal do médio vale; entrevista com o Sr. Harold Schneider no dia 13 de ago. de 2013.

22 comentários:

  1. Está reportagem apresentada é muito interessante sob ponto de vista da didática uma vez que relata como o conhecimento passou de avó para neto através da observação, conceitos foram passados de forma interativa de forma concreta entre os personagens. Embora este conceitos não tenham sido apresentado de modo formal foram assimilados pelo neto, o forma de calculo de como projetar os encaixes da roda foi passada de forma prática e quando o aprendiz consegue visualizar determinado conceito na prática fica muito mais fácil a assimilação.

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    1. Atualmente com a moderna tecnologia disponível não se faz mais cálculos desta maneira. Nossa intenção era mostrar que o conhecimento já existia e já vem de muito tempo, mas os meios medernos encontraram um jeito mais atraente de passar para as novas gerações. O próprio Harold mesmo reconhece que a sua profissão está acabando. Hoje se faz diferente, embora que os princípios matemáticos sejam os mesmos.

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    2. É necessário concordarmos com a frase do sr. Harold, que hoje se faz diferente, mas realmente os conceitos são os mesmos....prova disso é que a cada dia nos deparamos com a necessidade de mudança, a cada dia somos cobrados por novas técnicas de aprendizagem, por formas de ensino inovadoras "não ultrapassadas", mas na realidade são apenas as técnicas que mudam, não os conceitos.

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    3. Concordo com Daniel, em especial quando fala que os conceitos são mais facilmente assimilados quando são vistos na prática. Também dou destaque para a qualidade na construção da roda sem cola ou pregos. A utilização de encaixes somente reforça os conceitos existentes e salienta a exatidão e a beleza da geometria escondida nesta arte.

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  2. Ótima postagem!
    Como abordado, quando a matemática tem sentido, ou seja, reflete-se no contexto em que a pessoa está inserida tudo fica mais fácil. Desta forma, através da observação o rapaz deu continuidade ao trabalho realizado pelo avô.
    Qual a relação da história do jornal com as dificuldades que alguns alunos, atualmente, tem no entendimento da Geometria Analítica?

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    1. Os alunos hoje tem dificuldades em tudo que se trata de conhecimento. Os jovens de hoje não sabem o que passa ao redor, não se interessam. Em tempos atrás, tínhamos mais vivência de mundo.. Se tratando de conhecimentos na geometria analítica, é a falta de contato com tudo que possa ser considerado um material concreto para a aprendizagem. Com disse o colega Adilo, ele não tem mais a vivencia das coisas...e é isso que faz toda a diferença.

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  3. Na Geometria Analítica, na Matemática ou em qualquer área, a vivência é que faz a diferença, as pessoas se tornam práticas e assim como o seu Harold, fazem as coisas com naturalidade. A dificuldade de muitos alunos está aí, não têm oportunidade de ver no concreto o que apenas escutam ou estudam através de conceitos.É preciso mostrar para os alunos onde a geometria está presente nas coisas que eles usam diariamente e relacionar com o conteúdo que a escola está oferecendo. É teoria associada à prática.Aprendemos melhor fazendo, do que apenas escutando.

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    1. Colega concordo co você, presencio isso muito em sala de aula ou em relatos dos professores. Quando a Matemática, tanto na geometria ou em outro conteúdo é iniciado pelo concreto e aos poucos os conceitos são elaborados, e construídos a aprendizagem fica mais prazerosa, percebemos as habilidades e competências desenvolvidas a cada dia em nosso aluno. Percebo que a grande dificuldade hoje no entendimento da Geometria Analítica é justamente que inicia-se pelos conceitos, e a parte concreta, passa despercebida, para mim aí está a grande dificuldade de aprendizagem, pois a relação que o aluno poderia fazer com o mundo que o cerca fica faltando, e então esse conteúdo torna-se sem sentido para uma aplicação futura.

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  4. Toda aprendizagem ocorre de maneira mais significativa quando é possível assimilar a prática com os cálculos da teoria, procurando sempre utilizar exemplos de objetos que nos cercam, atraindo os alunos de forma que desperte a curiosidade, sendo que através da observação da prática, a criança como ser ativo, vai elaborando seus conceitos, e quando tratado na teoria, terá maior facilidade em compreender os significados dos exercícios e dos conceitos.

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  5. Toda aprendizagem ocorre de maneira mais significativa quando é possível assimilar a prática com os cálculos da teoria, procurando sempre utilizar exemplos de objetos que nos cercam, atraindo os alunos de forma que desperte a curiosidade, sendo que através da observação da prática, a criança como ser ativo, vai elaborando seus conceitos, e quando tratado na teoria, terá maior facilidade em compreender os significados dos exercícios e dos conceitos.

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  6. A opinião de vocês é verídica e fará a diferença na aprendizagem de qualquer aluno que passar por vocês.

    Os professores, de forma geral, costumam contextualizar o ensino na escola onde você trabalha ou fez o estágio?

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    1. Poucos professores contextualizam o conteúdo a ser abordado, como leciono de manhã para os sétimos, oitavos e nonos anos e de tarde para o quinto ano percebo que há uma preocupação maior em contextualizar o conteúdo com os "pequenos" da tarde, a equipe de docentes é mais unida formamos grupos para desenvolver os projetos, a realidade do aluno, e uma integração entre os componentes curriculares, para tornar um ensino mais prazeroso e com significado.Já na parte da manhã, não vejo muito isso, percebo professores com uma carga horária exaustiva e consequentemente a preparação das aulas ficam a desejar, logo, fica um ensino massante e para muitos sem sentido, pois não ocorreu a contextualização, o aluno não formulou hipóteses, não questionou, não viu um significado real naquele conteúdo. O importante de tudo é que nós acadêmicos do curso de matemática levamos essa contextualização para a escola, para nossos alunos e para os nossos colegas professores, para que haja uma educação por excelência.

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    2. Não tive muito contato com os professores fora do horário de estágio, mas vi nas escolas bastante material concreto. Acredito que as profes usam, mas não sei se usam o necessário.

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  7. Acredito que usando material concreto em sala de aula nos diferentes conteúdos leva o aluno a entender melhor o que o professor quer ensinar. Mesmo tendo um aluno diferente do outro, ou seja, cada aluno tem seu tempo de aprender, ainda assim, o aluno podendo manipular o material o seu aprendizado será mais rápido.

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  8. Acredito que usando material concreto em sala de aula nos diferentes conteúdos leva o aluno a entender melhor o que o professor quer ensinar. Mesmo tendo um aluno diferente do outro, ou seja, cada aluno tem seu tempo de aprender, ainda assim, o aluno podendo manipular o material o seu aprendizado será mais rápido.

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    1. Quando o conteúdo é mais abstrato, qual a estratégia de ensino que utilizas para que o aluno entenda o conteúdo?

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    2. Ao iniciar um conteúdo que é mais abstrato, em muitos casos a minha estratégia é partir de uma situação problema e a partir daí desenvolver o conteúdo em questão. Essa foi a maneira que encontrei para trabalhar conteúdos abstratos, e que obtive resultados bem positivos.

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    3. Concordo com a colega Aline, partindo de uma situação problema o professor consegue envolver seus alunos fazendo com que tenham uma participação constante, seu aprendizado se torna mais fácil.

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    4. Com certeza meninas! Muitas vezes, quando a situação problema faz parte do cotidiano do aluno, ele se sente o sujeito dessa aprendizagem. Desta forma, suas relações e experiências são compartilhadas com os colegas, que se motivam com a problemática em questão.

      Que outra estratégia podemos utilizar?

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    5. Outra estratégia que podemos utilizar é antes de iniciar o conteúdo instigar o educando com uma pesquisa, um passeio,... e depois sim fazer uma ponte com o conteúdo a ser abordado. Estratégias assim fazem que mesmo com um conteúdo abstrato, desperte o interesse pelo aluno e principalmente que o este saiba relacioná-lo com situações no cotidiano.

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    6. Concordo com as duas colocações da colega Aline. Estes, ao meu ver são os dois meios de fazer cm q os alunos assimilem os conteúdos, para a sua melhor compreensão.

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  9. Colegas. pelos comentários de vocês percebe-se a riqueza de conteúdos que os alunos trazem na bagagem. ou situações que os mesmos vivenciam no cotidiano que podem servir de base para desenvolvermos um trabalho dinâmico de troca de experiências.Nada mais prazeroso que sentir que somos correspondidos na construção do conhecimento compartilhado.

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